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Mensaje  irmandiño Jue 17 Mar 2011 - 23:58

Por azar me encontré con una pagina interesante, trae algo de audio, musica, etc., de la que mañana, con mais tiempo dare más detalles, aunque tal vez algunos la conozcais.
Para abrir boca y relajarse unos "dialogos"


Uma namorada de muitos atributos tenta me impressionar (sem necessidade, juro):
— Ai, Vida, que música linda. Como se chama?
— Não tem nome.
— E quem compôs?
— O acaso.
— Como assim?
— A música ainda não começou, meu amor. A orquestra está afinando.
— Ah, tá. Sabe o que é? Eu não entendo muito de música clássica.
— Sério? Até agora você tinha conseguido me enganar.
— Mas orquestra afinando é bonito, né?
— Lindo. Estou todo arrepiado, olha...


A mesma namorada passeando pela Internet numa manhã de domingo:
— Vida, o homem que escreveu aquele livro sobre maestros que você detesta está esquiando em Aspen.
— Então que o Senhor o proteja.
— Por quê?
— Se ele quebrar uma perna terá que ser sacrificado.


O maestro medíocre extrai uma performance estupenda da orquestra. Um amigo me cobra:
— Gondim, você não vive dizendo que esse cara é um marcador de compasso?
— Digo e repito. Você tem que ouvir é quando ele sabe o que está fazendo.


O jovem audiófilo:
— Gondim, a caixa tá com problema?
— Claro que não.
— Mas que som estranho é esse?
— É um trombone em si bemol tocando num registro muito grave.
— E o maestro deixou passar?
— Se ele sabe ler música, não teve escolha.
— Mas é feio.
— Não é pra ser bonito: é música.


Há alguns anos tive o prazer de almoçar com o maestro Yeruham Scharovsky, então titular da OSB na companhia de uma jornalista e membros da Orquestra. Conversando sobre as sinfonias de Brahms, mencionei que Charles Mackerras havia estudado os manuscritos originais e identificado – era o que eu lembrava na época e expliquei que não tinha certeza – uns 80 erros na edição mais difundida das partituras. (Ao lado você pode notar as armadilhas que a escrita aparentemente clara de Brahms criava para os copistas.) Perguntei o que o maestro achava. Ele minimizou a questão com um gesto, sorriu e fulminou:
— São 80 erros lindos.


Depois dessa é claro que comprei o álbum de Mackerras gravado pela Telarc, com partituras coligidas e a excelente Orquestra de Câmara Escocesa. Sir Charles tentou reproduzir a prática do período das sinfonias, trabalhando com vibratos isolados, tempos bem marcados, etc. E incluiu a alternativa da primeira versão do andante da Sinfonia n. 1, revisado por Brahms depois da estréia e muito mais ousado que a versão definitiva. A gravação da Telarc é surpreendentemente seca, não tem aquela “dimensão” habitual que faz com que um quarteto de cordas soe como a Filarmônica de Viena. No conjunto, uma das melhores versões desde a invenção da gravação digital. Mas nada é decisivo. Sejam quantas forem, as correções de Mackerras se diluem entre as milhares de notas e andamentos das quatro partituras. Ouvindo a Terceira com Bernstein, entendi o que Scharovsky quis dizer: são mesmo 80 erros lindos.


Uma amiga “culturete” (caçadora de eventos culturais que se resigna a ver ou ouvir qualquer coisa só pra não ficar em casa) me leva a um recital injustificável. Pareço impaciente, ela se irrita:
— Você tem algum compromisso depois?
— Não.
— Então pára de olhar as horas.
— Desculpa, mas é compulsivo. Quando o músico olha muito para o metrônomo, eu olho para o meu relógio.


O audiófilo:
— Prefiro Beethoven com Abbado.
O outro:
— Prefiro Beethoven com Rattle.
O Gondim:
— Prefiro só o Beethoven, sem esse tipo de ajuda.


Pegadinha:
— Gondim, faz de conta que você está num avião com o Abbado, o Rattle e o George Bush. O que você diria?
— O Abbado é um grande intérprete de música moderna e contemporânea. Acho Rattle um mal regente, mas não me permito duvidar de suas qualidades pessoais. Eles parecem homens corteses, acessíveis, e deve ser incrível conversar com eles.
— Mas e o Bush?
— Não estamos num avião? Eu diria: “George, seja um bom menino e vá brincar lá fora”.


No teatro, o concerto vai mal. Um amigo reage:
— O que você acha desse cara regendo?
— E ele está?


Momentos depois quem estranha sou eu:
— Mas afinal, quem é o regente?
— O cara de pé com a varinha na mão.
— E a orquestra foi avisada?


Fim do concerto. Não tenho ânimo para aplaudir sequer por educação. Meu amigo cruza os braços ostensivamente. Uma velhinha:
— Por que o senhor não aplaude?
— Porque eu entendo um pouquinho de música.
— E o seu amigo?
— Entende muito mais do que eu.


— Gondim velho de guerra, gastei 50 mil dólares no meu sistema novo!
— Uau! Caraca! E você consegue ouvir tudo isso?
— Pelo que eu vi por aí, até 50 mil eu consigo escutar.
— E acima disso?
— Acho tudo igual.
— Mas que sorte a sua, hein? É bom a gente ter limites. "Caveat comptor".
— Isso é latim?
— Vantagens de uma educação clássica. Significa "acautele-se o comprador".


— Ricardo, quê isso?
— Condicionador de energia.
— Mas não comprime o sinal?
— Sim, na verdade afeta um pouquinho a dinâmica, mas protege o sistema inteiro.
— Será que vale a pena?
— Tanto quanto usar camisinha.


— Gondim, você ouve “cabos”?
— Com certeza.
— E qual o melhor?
— O que eu não consigo ouvir.


O regente autocrata dá uma bronca na orquestra:
— O que vocês pensam que estão fazendo? Não é assim que se toca Brahms!
— Mas maestro... Isso é Schumann.
— Não é mais!


— Se você pudesse viajar ao passado, que regente gostaria de conhecer?
— Toscanini. Pierre Monteux. Mravinsky. Golovanov... Essa viagem pode demorar, sabe?
— E hoje, quem você gostaria?
— Daniel Barenboim e Valery Gergiev.
— E se pudesse viajar pro futuro?
— Acho melhor a gente ficar em casa.


Uma amiga:
— Pô, Ri, não acredito que você não gosta de Händel.
— Também não gosto de jiló e óleo de fígado de bacalhau.
— Mas você não enxerga nenhum mérito nele?
— Claro que sim. O mérito histórico. Händel inventou a música de elevador.



Ouvindo a Sinfonia Alpina com Mravinsky, um amigo se volta pra mim:
— Cara, você não vê os Alpes, não vê os abismos e essa coisa toda?
— Não.
— Pô, Ricardo! Que falta de imaginação! Você devia relaxar mais quando ouve música.
— Gostaria, mas não consigo: tenho medo dessa neve toda nos alto-falantes.


O aniversário de uma amiga num restaurante com música ao vivo. Não sei que diabos estão tocando:
— Pat, isso é música moderna?
— Não, meu lindo. O garçom derrubou a bandeja.


— Que sistema você teria se fosse rico?
— Eu não teria um som “milionário”, mas uma sala maravilhosa e um sistema que tocasse bem, muito bem. Pertenço à minoria que não acredita na relação entre preço estratosférico e performance. Um número numa etiqueta não pode legitimar o que é bom.
— Então qual é o critério?
— O ouvido é o critério.
— Mas se o ouvido te enganar?
— Não existe problema em ser enganado pelos próprios ouvidos. O sistema é para ouvir música, não para impressionar visitas. Ainda que estivesse enganado, estaria feliz.



No bar, de madrugada:
— Você não acha que o Brasil tem ótimos regentes?
— Certamente: Henrique Morelenbaum, Ligia Amadio, Roberto de Regina, Roberto Ricardo Duarte...
— Mas a gente não ouve muito falar neles.
— Aqui. Lá fora seu valor é reconhecido. As gravações que Ligia Amadio fez na Europa dos concertos de Rachmaninov com Moura Castro são uma aula de regência; na terra de Karl Richter, Roberto de Regina é considerado um dos maiores intérpretes de Bach. Mas como as nossas elites não estão à altura do país - são de segunda e terceira classes - a grandeza no Brasil é quase anônima.


De novo o jovem audiófilo:
— Qual é marca desse amplificador que está tocando?
— É X. Mas isso não tem importância.
— E das caixas?
— É Y. Mas isso não tem importância.
— E o que tem importância?
— O som. O som é tudo que importa.
— E este som é bom?
— Depende. O que você acha?
— Uns caras dizem que é ruim, outros dizem que é bom...
— Ouça com atenção e julgue por si mesmo.
Momentos depois o rapaz diz:
— Não gostei do teu som, Gondim.
— É ruim?
— Não sei dizer se é bom ou ruim. Mas sei que não gosto.
— E isso é tudo que vale a pena saber.


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